Darksiders II

Fonte: UOL Jogos

CONSIDERAÇÕES

“Darksiders II” é um jogo que diverte por sua mecânica, belos gráficos e história instigante, que vai se desenrolando em algo maior. O toque de genialidade da Vigil Games foi misturar o que há de melhor em “God of War” com “Legend of Zelda” e adicionar pitadas de RPG.

Entretanto, o game peca por fazer o jogador revisitar diversos pontos desnecessariamente, puzzles fáceis de serem resolvidos e chefes nada desafiadores. Pior ainda, Morte é um personagem desrespeitado pelos personagens secundários e não passa de um pau-mandado que acata ordens de qualquer um que passe pelo caminho.

Não entenda mal: “Darksiders II” é bom, só que desperdiça algumas boas ideias que poderiam torná-lo um jogo bem melhor e muito mais épico.

INTRODUÇÃO

A continuação do jogo da Vigil Games, empresa comandada pelo ex-quadrinista Joe Madureira, traz a história de Death (Morte), o cavaleiro do apocalipse que quer limpar o nome do irmão War (Guerra), acusado de antecipar a chegada do dia do juízo final.

Para isso, ele tem que salvar a raça humana da extinção, indo até Iggdrasil, a árvore da vida.

PONTOS POSITIVOS

Um belo conto
O pano de fundo de “Darksiders II” é o menos importante. Você não precisa ter jogado o game anterior para entender o que está acontecendo – ainda assim é recomendado para entender os fundamentos desse mundo fantástico. A Vigil Games conseguiu misturar os escritos bíblicos do Apocalipse de São João com outras mitologias ao mesmo tempo em que cria uma identidade própria.

A história instiga ao mostrar seres míticos e paisagens fantásticas e, mesmo que Morte pareça um office-boy do além, sua missão é louvável e nunca sai de foco. Os personagens secundários mantém a atmosfera lúdica, contando histórias sobre o mundo que nos é apresentado.

Gráficos bonitos
Mesmo estando em seu segundo jogo, a Vigil mostra que tem competência para fazer um jogo muito bonito e caprichado. Você verá construções e personagens gigantescos que aparecem no horizonte e enchem os olhos.

Este não é o jogo mais bonito desta geração, mas é impossível dizer que “Darksiders II” não seja realmente belo. Desde os campos nevados até as escuras câmaras de uma masmorra ao pé de um vulcão, todas são obras únicas e realmente belas de serem observadas e visitadas.

Sem estragar as surpresas, os inimigos “normais” são tão detalhados quanto o cavaleiro e o mesmo pode ser dito dos chefes e personagens secundários. É possível notar um salto de qualidade muito grande se comparado ao primeiro game.

Bom sistema de jogo
Brigar em “Darksiders II” não enjoa. A cada desafio vencido você ganha armas e equipamentos que mudam a forma que você age dentro do jogo. Por exemplo: Morte pode escolher usar um a marreta gigantesca que causa muito mais dano, mas dificulta sua movimentação pelo cenário, enquanto uma tonfa é mais ágil, porém tão fraca contra alguns inimigos que eles nem sentem cócegas.

A jogabilidade lembra de longe “God of War” ou “Dante’s Inferno”, mas também tem um quê de “Legend of Zelda”. Morte utiliza uma sequência de botões para desferir seus golpes. Ou seja: nada muito complicado de aprender, mas que pode ser complexo bastante para entreter os entusiastas.

Por outro lado, existem elementos de RPG, como a escolha de equipamentos, até pontos de atributos e missões secundárias que vão dando pontos de experiência para o cavaleiro do apocalipse. A cada nível alcançado, Morte pode comprar golpes especiais que, além de muito bonitos, são bastante úteis, principalmente por acertar diversos monstros ao mesmo tempo.

PONTOS NEGATIVOS

O cavaleiro da Morte
Morte nem parece ser um cavaleiro do apocalipse. Por mais que ele ande pelos campos com seu cavalo infernal, ele é um ser que ninguém teme ou respeita. Os personagens secundários olham para ele e tudo o que enxergam é um office-boy de luxo.

As missões têm um quê de antológico como “vá até a Grande Forja e libere o fluxo de lava ” e o cavaleiro até tenta se impor dizendo “porque não vai você?”, mas independente da desculpa esfarrapada que receba, Morte vai e faz o que deve sem pestanejar.

Dessa forma o jogo poderia ser protagonizado por qualquer soldado. Não existe um motivo real para usar um personagem que, em teoria, tem uma grande importância no equilíbrio do universo.

Repetições desnecessárias
Por mais divertido que “Darksiders II” seja, existe um momento que você sente que as missões foram ampliadas além do necessário. O primeiro castelo, por exemplo, chega ser irritante por fazer você ir e voltar à mesma sala diversas vezes.

Além disso, no decorrer do game algumas missões paralelas requisitam que o jogador revisite alguns calabouços, bem no estilo de “Legend of Zelda”. O problema é que uma vez passado o estágio, não existem mais monstros para serem eliminados – isso significa ficar vagando por uma área vazia e sem ação, o que acaba quebrando o ritmo do game.

Puzzles óbvios
Nenhum puzzle do jogo desafia o jogador. Todos eles são explícitos e quase que se resolvem sozinhos. Se você vir um buraco no chão, acredite, existe uma bola gigantesca que está a poucos passos de distância para encaixar ali.

Não faz sentido propor um desafio se a resposta está na cara do jogador. Isso acaba dando a impressão que esses quebra-cabeças foram colocados ali apenas para fazer o jogador perder um pouco de tempo antes de ir para a próxima área – e nada além disso.

Chefes decepcionantes
Depois de cruzar uma masmorra por duas, três horas, é de se esperar que o desafio final tenha algo relacionado a ela. Essa é a lição que aprendemos com “Legend of Zelda”, mas foi uma das aulas que a Vigil deixou de assistir.

Além disso, as batalhas contra chefes nunca são realmente desafiadoras e podem ser conquistadas já na primeira tentativa. Dificilmente você vai se sentir em perigo a ponto de usar uma poção de cura.

Os combates contra chefes geralmente seguem uma única mecânica do início ao fim do embate, como arremessar bombas que caem nos cantos do cenário. Não existem variações ou formas alternativas para derrotá-los – e isso é realmente desapontador.