I Am Alive

Fonte: UOL Jogos

CONSIDERAÇÕES

"I Am Alive" é um jogo que mesmo com mecânicas e ambientação interessantes, está longe de se tornar uma experiência memorável. Suas limitações tornam a jornada por Haventon simplória e repetitiva. O jogo da Ubisoft é cheio de boas idéias e vislumbres de algo maior, mas na verdade, não passa de uma sombra do que poderia ter sido.

INTRODUÇÃO

"I Am Alive" pode ser descrito como um jogo de plataforma e sobrevivência. Após uma catástrofe ambiental misteriosa chamada "o evento", a cidade de Haventon está arruinada. O cenário é pontuado por destroços, ruínas e cadáveres. Sua motivação para perambular pelos escombros é nobre: encontrar sua esposa e filha, desaparecidas após o terremoto.

Uma produção conturbada, "I Am Alive" é um projeto da Ubisoft que por pouco não viu a luz do dia. É fácil perceber que muito da produção original foi limada no jogo final, distribuído por download.

PONTOS POSITIVOS

Ambientação
Haventon é uma cidade fantasma, onde cada esquina parece contar uma história, um pequeno drama de sobrevivência. O jogo abusa nos tons de marrom e cinza. Para efeito de comparação, "Gears of War" parece colorido e alegre após uma partida de "I Am Alive".

Corpos em diferentes estágios de decomposição surgem em momentos inesperados, seja ao passar por um café ou investigar uma loja. Junto com alguns cartazes e restos de acampamentos, o cenário vai aos poucos compondo a história por trás do jogo.

A maior parte do tempo, "I Am Alive" não explica o que houve na cidade, se concentrando mais no "aqui, agora" da jornada do herói. Essas lacunas tornam a experiência mais envolvente e dão asas à imaginação do jogador.

Herói atípico
A Ubisoft sabe fazer jogos de ação com plataformas - "Prince of Persia" e "Assassin's Creed" são dois exemplos disso. "I Am Alive" é basicamente a mesma coisa, mas com um protagonista comum, quando comparado aos atléticos e super-heróicos personagens dessas séries.

Ao escalar grades e canos, se pendurar nos parapeitos e tentar outras manobras parecidas, você não se sente um praticante de Parkour mas sim uma pessoa comum, ainda que meio sem noção do perigo e mais sanguinário do que parece. De fato, você degola bandidos com a mesma tranquilidade que ajuda outros sobreviventes.

Sistema de vigor e saúde
Os sistemas de vigor e saúde acrescentam tensão e senso de urgência ao jogo. O personagem se cansa rapidamente durante suas peripécias e você precisa administrar seus recursos, como água e pitóns de escalada, ou optar por um esforço extra e perder parte do vigor permanentemente.

A saúde funciona de forma parecida. Você morre facilmente em "I Am Alive": basta um tiro ou um golpe de machete bem aplicado. Se escapar com vida, é preciso tomar analgésicos, remédios ou comer algo para se recuperar, mas sempre perdendo parte da vitalidade total.

Esses riscos tornam os combates muito arriscados e você vai tentar várias vezes até reagir rapidamente em situações que envolvem mais do que 3 inimigos de uma só vez.

PONTOS NEGATIVOS

Exploração limitada
Ao jogar "I Am Alive" é frustrante perceber as limitações do que é possível fazer: você só consegue subir, saltar e escalar no trajeto determinado pelo game.

Barreiras simples, como uma grade ou um caixote, não podem ser transpostos. Mas, se você está no caminho certo, consegue saltar e se agarrar em locais bem mais difíceis.

Essa limitação de movimentos é o principal problema do jogo, ainda mais com um cenário que pede para ser explorado. Você vaga pelas ruínas de Haventon e quer subir em uma telhado e ver o que há do outro lado. Você enxerga claramente alternativas para alcançar seu objetivo mas não pode fazer nada além de ir para o caminho exigido pelo jogo.

Combate repetitivo
Ainda que o combate seja violento e necessite um mínimo de estratégia, ele logo se torna repetitivo. Você ergue os braços, espera o inimigo se aproximar para, num movimento rápido, rasgar sua garganta com o machete, atira sua única bala no oponente armado e por vezes, luta para esfaquear outro bandido. E repete isso com os próximos grupos.

Mesmo as execuções, que surpreendem pela frieza do protagonista, são sempre iguais. Você se abaixa e corta a garganta da vítima. Sangue borrifa na tela, acompanhado pelos últimos gemidos do oponente. Sempre a mesma morte, sempre a mesma animação.

Controles impedem imersão
Durante toda sua jornada, os controles insistem em aparecer na tela de "I Am Alive", lembrando você que deve apontar sua arma, recuar, correr para chegar ao fim da plataforma ou atacar de surpresa.

No começo, tudo bem, você encara como um tutorial. Mas depois de um tempo, você sabe o que fazer. Não precisa de um gatilho pulando na tela para lembrar quais são suas opções e, pior ainda, lembrar que é só um jogo de ação.

Com esses lembretes constantes, fica difícil 'entrar' no mundo sombrio de "I Am Alive" e se concentrar em entender o que aconteceu na cidade ou na mera luta pela sobrevivência.

Tentativa e erro
Jogar "I Am Alive" é brincar de tentativa e erro. Você vai para um lado, vê que não dá para prosseguir, volta, encontra o caminho, sobe pela plataforma. Encontra bandidos, luta. Morre. Volta, tenta de novo, acerta e segue em frente.

Todos os elementos de sobrevivência, como os recursos escassos e a ambientação de cidade arruinada, perdem rapidamente o impacto, pois você não se vale do raciocínio nem de estratégias boladas pelo próprio jogagor. Tudo o que precisa é reagir conforme esperado e encontrar o caminho certo do começo até o fim.